18.11.11

Este é o meu corpo.

"Todas as mortes são violentas. Sobretudo para os que cá ficam.
De repente, aquele corpo transforma-se noutra coisa que já não nos pertence, que não conseguimos atingir. 
A pele adquire uma estranha qualidade de transparência.

Torna-se translúcida, como se tivesse sido lavada, esfregada, esticada até ao limite. Evitamos tocar-lhe para que o feitiço não se quebre e limitamo-nos a olhá-la de longe, com uma certa inveja daquela aura limpa que a envolve. Afinal, a morte é como as limpezas de Primavera ou de Outono: organizada e, sobretudo, purificadora."
in Este é o Meu Corpo, Filipa Melo. 1ª Edição: Outubro 2001.

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